Seu moço, me dê licença
Pra lhe falar umas verdades
O moço pode até ser letrado,
Mas é analfabeto em felicidade.
Aqui no meu nordeste,
Quem manda é o coração
A sabedoria do meu povo
Vem do chão batido,
Do aboio que ecoa no sertão,
Do riso largo e do peito aquecido.
Me diga, seu moço, com franqueza:
Qual povo é mais feliz que o meu?
Aqui no meu Nordeste tem festa acesa
Da folia de Reis até o Auto de Natal.
Tem coco, xaxado e baião
Samba de roda, xote arretado de bom,
Tem frevo, ciranda e martelo agalopado,
E se preferir tem muito axé,
Pro moço brincar e pular
Nos dias de folia.
Aqui é sol, é fé, é chão,
É forró batendo no coração!
Tem sabor, tem voz, tem cor,
É o meu Nordeste, seu moço! (repete)
É o meu Nordeste, seu moço!
E se a barriga do moço reclamar
É só vir pras nossas bandas
Que o moço vai encontrar:
Um bom vatapá, bobó e acarajé
Sarapatel e cuscuz com queijo coalho
E um café bem quentinho.
Sururu, baião de dois e carne de sol
Buchada pros mais afoite,
Beiju e bolo de rolo,
Comida de alma, de raiz e de terreiro
Aqui, seu moço,
A fartura é o nosso tesouro verdadeiro.
Aqui, seu moço, ninguém passa fome não!